O que significa a palavra epigenético



Inato ou Adquirido: Como Fatores Epigenéticos Influenciam o Desenvolvimento Infantil Fabíola Cristina Ribeiro Zucchi 

A epigenética, isto é, além da genética, é a ciência que trata dos mecanismos moleculares envolvidos na interação entre fatores ambientais e a expressão da informação contida no DNA. 

A regulação epigenética modula a expressão gênica. Isto é, modifica como a informação contida no DNA é traduzida em proteínas (que são as moléculas efetoras) sem alterar a sequência de DNA. 

Assim ajustes rápidos são possíveis, de acordo com as constantes alterações das condições ambientais. 

Os principais mecanismos epigenéticos são: 
  • metilação do DNA, 
  • modificação de histonas, 
  • expressão de microRNAs e 
  • silenciamento gênico por heterocromatina. 


Todos eles interferem na "leitura" da molécula de DNA sem alterar sua sequência. 

A metilação do DNA modifica a transcrição de um gene, que pela presença de grupos metil altera a possibilidade de expressão daquele gene. 

A modificação de histonas, que são proteínas responsáveis pelo empacotamento da molécula de DNA, também intervém na expressão de genes contidos em dada região modificada. 

A expressão de microRNAs, pequenas moléculas de RNA que não codificam proteínas, altera a produção protéica pela ligação a moléculas de RNA mensageiro, impedindo assim sua tradução. 

O silenciamento gênico por heterocromatina ocorre pois estas estruturas formam regiões densas da molécula de DNA, onde sua "leitura" é impedida. 

Por todos estes mecanismos, genes são expressos ou silenciados de acordo com variações ambientais facilitando uma resposta adaptativa a um ambiente hostil ou favorável em constante mudança. Estas adaptações podem conduzir a estados de saúde ou doença. 

Alterações epigenéticas são mecanismos estáveis que são transmitidos de células mães para células filhas pelo mecanismo de divisão celular chamado mitose. 

Se estas alterações epigenéticas ocorrerem em células germinativas, elas podem ser transmitidas a gerações subsequentes por um processo de divisão celular chamado meiose. 

No último caso estas impressões ambientais tornam-se hereditárias, formando assim uma memória epigenética que pode ser transmitida por gerações. 


Assim, experiências vividas por nossos antepassados podem contribuir na determinação de doenças, ou na produção de características adaptativas. 

Os períodos pré-natal e a primeira infância são críticos para o desenvolvimento saudável ou para a geração de doenças ao longo da vida de um indivíduo. 

Assim, experiências vividas nos períodos pré e pós-natal, além da memória epigenética herdada de nossos antepassados, podem contribuir na determinação de estados de saúde ou doença. 

A programação epigenética através de gerações pode representar um mecanismo chave para o entendimento da patogênese de doenças complexas que aparecem na vida adulta. 

Os efeitos cumulativos de experiências negativas e positivas ao longo da infância e de toda a vida, além do histórico familiar, determinam a linha muitas vezes tênue entre saúde e doença, habilidade e inaptidão, comportamentos saudáveis e de risco. 

Apesar disso, devido à natureza reversível dos mecanismos epigenéticos, a detecção destes distúrbios têm grande potencial para contribuir para a medicina preventiva e no desenvolvimento de estratégias personalizadas de diagnóstico e terapia. 

Processos epigenéticos respondem prontamente às condições ambientais e permitem rápidas modificações à ambientes hostis. 

Doenças complexas, incluindo distúrbios psiquiátricos, metabólicos e cardiovasculares, estão relacionadas à herança epigenética de respostas mal-adaptadas ao stress ambiental. 

Regulação epigenética pode programar a informação genética e o destino de uma célula, influenciando assim sua funcionalidade e por consequência do órgão em questão. 


De acordo com as experiências vividas (estilo de vida ou influências do meio ambiente), tanto a expressão diferencial de micro-RNAs como a metilação do DNA atuam em sinergia afetando a programação de doenças neurológicas e psiquiátricas na vida adulta, ou em futuras gerações, através de imprinting genômico (impressão ou carimbo genômico). 

A modulação de mecanismos dopaminérgicos que influenciam sistemas cerebrais de recompensa atuam em patologias como autismo, ansiedade, depressão e distúrbios cognitivos. Estes mecanismos facilitam uma resposta adaptativa ao ambiente em constante mudança para otimizar chances de sobrevivência e sucesso reprodutivo. 


Portanto, enquanto a informação dada ao feto ou à criança em desenvolvimento pode levar à adaptações ao presente ambiente, esse indivíduo pode não suportar o envelhecimento saudável por conta de ajustes endócrinos a um ambiente adverso que conduz ao alto gasto metabólico. 

Padrões de metilação do DNA são muito sensíveis ao estilo de vida dos pais e ao ambiente. 


Por exemplo, a exposição pré-natal ao consumo materno de tabaco pode elevar a metilação do gene que codifica o fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF), vital ao desenvolvimento cerebral, e que está relacionado à geração de doenças psiquiátricas. Além disso, o stress psicológico materno pode também determinar a saúde psiquiátrica dos descendentes pela alteração do padrão de metilação do DNA

Por exemplo, depressão materna antes e após a gestação está relacionada com a metilação de genes ligados ao funcionamento de neurotransmissores, tanto na mãe como na criança.

 Este distúrbio no equilíbrio químico cerebral está relacionado a maior vulnerabilidade ao stress pós-traumático. Portanto, distúrbios de humor materno têm profundas consequências no bem estar infantil, e do adulto que esta criança se tornará. 


Tanto experiências negativas como positivas podem alterar assinaturas epigenéticas.

 
Experiências positivas como educação, atividade física e ambiente social positivo podem reverter a impressão epigenética mal-adaptativa e vulnerabilidade a doenças. 




Outro exemplo é a estimulação tátil, ou massagem terapia, que pode neutralizar os efeitos de condições adversas, sugerindo que experiências positivas em qualquer período da vida podem atenuar e até reverter consequências de experiências negativas e promover saúde e bem estar. 

O estímulo tátil em neonatos prematuros está relacionado com atenuação neuro-endócrina, prevenindo efeitos deletérios induzidos pelo nascimento prematuro e administração de corticosteróides. 

Além disso, massagem terapia atenua efeitos deletérios, como comprometimento motor, induzidos pelo stress, acidente vascular encefálico e lesão cerebral, sendo então considerada uma terapia complementar. 

O mecanismo pelo qual estímulo tátil reverte déficits motores pode ser pela produção de fatores tróficos responsáveis pela sobrevivência neuronal, permitindo a manutenção da integridade de vias motoras. 

Mecanismos epigenéticos representam importante interface entre ambiente e genoma. 

Cabe a todos nós como família, sociedade e poder público proporcionar um ambiente saudável e criar oportunidades às nossas crianças, para que elas possam desenvolver de forma integral suas potencialidades, e acima de tudo para que elas possam ter uma infância feliz. 


Sou Kátia Rumbelsperger, Psicopedagoga, Terapeuta Familiar e Consteladora sistêmica, em constante formação psicanalítica. Bacharel em Teologia. Educação de Jovens e Adultos (EJA). Educadora para pessoas com problemas especiais. Especialista em Dependência Química e dependências emocionais. 

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Fabiola Cristina Ribeiro Zucchi é Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1998), tem mestrado em Farmacologia pela Universidade Estadual de Campinas (2002), doutorado em Neurociências pela Universidade de São Paulo, pós-doutorado em Neurociências pela University of Lethbridge, Alberta, Canadá e período sabático realizado na University of Birmingham, Inglaterra. Seus interesses científicos focam na fisiologia do cérebro e seus mecanismos dinâmicos que conduzem a alterações comportamentais. Para isso, utiliza modelos experimentais de doenças neurológicas, como stress, tuberculose e acidente vascular encefálico. Tem interesse em como o ambiente (experiências negativas e positivas) modelam a fisiologia cerebral e como isso impacta saúde e doença ao longo da vida e em gerações futuras. Para investigar o cérebro normal versus o patológico utiliza uma gama de ferramentas comportamentais, eletrofisiológicas, morfológicas, genéticas e epigenéticas. Foi professora celetista substituta no Departamento de Ciências Fisiológicas, da Universidade de Brasília, (UnB) e na Universidade do Estado do Mato Grosso (UNEMAT). Atualmente coordena projeto de pesquisa aprovado pela Chamada Universal CNPq, no Departamento de Ciências Fisiológicas, da Universidade de Brasília (UnB).

 



Fecundação Os primeiros registro da matriz de todos os sentimentos de rejeição ou amor é vivido pelo ser humano, tem sua primeira experiência na FECUNDAÇÃO Por isso é necessário que a gestação seja regada de sentimentos de amor e acolhimento. Esse registro será determinante para que a pessoa apresente em sua vida características e comportamentos para toda sua vida.

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