O Discurso Hitlerista - A personalidade de Hitler

O Discurso Hitlerista

1. A personalidade de Hitler

G.M. Gilbert estudou, consultando documentos recolhidos entre os confidentes de Hitler, sua vida e sua personalidade.

Segundo ele, é possível que o pai de Hitler tenha sangue judeu.

É verdade que sua avó, Maria Schickelgruber, teve um filho de pai desconhecido, depois de ter sido empregada de uma família judaica. Ela recebia uma pensão alimentícia de um judeu. 

Em seguida ela se casa mais seu marido nunca reconheceu a criança que se tornou o pai de Hitler.

Pairam muitas dúvidas sobre a origem de Hitler.

Um ponto importante e que Hitler estava ciente das “origens” suspeitas de seu pai (por várias vezes ele forneceu indicações inexatas no que concerne à biografia paterna).

Durante sua permanência em Viena, frequentemente ele era tido como judeu (seus camaradas lhe diziam cinicamente: “seu pai deve ter desaparecido quando você foi concebido e seus sapatos são ainda da raça nômades...), entre os judeus maltrapilhos de Viena, ele parecia ser um judeu maltrapilho de Viena. 

Hitler sempre declarava que as pesquisas genealógicas não tinham nenhum interesse (“eu sou um ser totalmente desprovido de laços,” ele dizia, mas ao mesmo tempo obrigava seu povo e as populações conquistadas a fazerem profundas pesquisas genealógicas para se lavar da suspeita de uma possível origem judaica) e deste modo fornecia um extraordinário exemplo de sua negação.

É de pouca importância que Hitler tenha ou não tido um avô judeu, entretanto, é certamente muito mais interessante que ele tenha atenção focalizada sobre este ponto, desde sua juventude.



O terceiro casamento de Alois Hitler, o filho de Rothschild, foi com a sua sobrinha, Klara, que veio a ser a mãe de Hitler. O seu pai era autoritário e a sua mãe era super-protectora. Hitler ficou pobre aos 18 anos quando a sua mãe morreu, e vivia num albergue que era um lugar de poiso para homossexuais.

Em 1912, Hitler viajou para Inglaterra para ser treinado como um agente dos Illuminati. Este "treino" ia deste absorver uma consciência do destino alemão até aprender a fascinar audiências. http://citadino.blogspot.com/2009/04/hitler-era-um-agente-britanico.html



A imagem dos judeus, incrustada em toda a Alemanha, reveste-se no seu caso, de uma consistência “sinistra”, que ele deve extirpar por todos os meios.
Gilbert insiste sobre o caráter do pai de Hitler; pequeno funcionário, colérico, violento, talvez mesmo bêbado, que se conduzia violentamente com ele e com sua mãe.

Hitler começou então a detestar seu pai (na verdade o que conhecemos de maneira certa são os ataques de fúria que ele tem ao escutar o nome “funcionário” e suas declarações que diziam que ele nunca amou seu pai).

A morte precoce de seu pai, quando ele tinha 13 anos, levou ao recalque de seu ódio, fazendo emergir um sentimento de culpa do qual ele só pode se desvencilhar ao eleger outro pai – repugnante, perseguidor, libidinal – que ele pudesse odiar sem sentimento de culpa.

Este pai foi um JUDEU. Uma hipótese semelhante foi igualmente expressa por M. Kurth; “O homem que tomou o lugar do pai morto de Hitler, aquele que mais se ocupou da amada mãe, foi o médico da família, o judeu E. 
Bloch". 


Para com o Dr. Bloch, Hitler só teve sentimentos de amizade, mas é possível que uma identificação inconsciente tenha se operado em seu espírito, entre o pai detestado e o judeu Bloch, identificação que não se exprime nas relações com o próprio Bloch – a dívida de gratidão em relação a este era bastante manifesta – mas em relação aos judeus em geral”.

Não importa se Hitler detestou verdadeiramente seu pai meio-judeu ou o judeu Bloch (enquanto protótipo dos judeus, e ainda mais detestável quando aparentemente ele era mais amável), mas o que importa é salientar que a questão judaica está presente, para Hitler desde o inicio e de maneira lancinante. 

Ela não teria tido tal importância se Hitler não houvesse amado sua mãe tão apaixonadamente.

Gilbert pensa que as violências que o pai exercia sobre sua mãe a tornavam ainda mais preciosa e mais reforçavam seu complexo de Édipo.

Pode-se deste modo compreender como a Alemanha, enquanto “mãe-pátria”, substitui a mãe morta. A Alemanha torna-se a mãe-cativa que era preciso libertar de seu perseguidor.

Erickson, baseando-se unicamente sobre a análise de Mein Kampf, atribui outra razão à rejeição ao pai. 

Para ele existe em cada alemão o desejo de realizar uma grande obra. 

Ora, pelo fato da Alemanha não ter conhecido a revolução democrática, os  alemães da classe média não puderam , como os franceses ou os americanos, integrar os valores aristocráticos.

Enquanto que em todo Frances existe uma espécie de “cavaleiros”, no alemão só existe um bom burguês e um sargento. 

Os alemães só podem oferecer a seus filhos, apaixonados por um ideal, a imagem de um “Buger”. O alemão ou deve voltar-se contra os valores parentais, ou frear seus sonhos de ter um destino importante. 

Sem dúvidas Hitler viveu este drama, seu pai era um simples e fiel funcionário e desejava que seu filho seguisse o mesmo caminho. “Eu não queria ser um funcionário. Nenhum discurso nem advertência poderiam vencer esta resistência”.

Ao rejeitar os valores apregoados por seu pai, Hitler viveu o drama de sua cultura. Esta é a razão, segundo Erikson, pela qual os alemães se encontraram em Mein Kampf e puderam aceitar Hitler.

Por outro lado, ele não tentou idenficar-se ao pai, mas , ao contrário, propôs aos alemães a imagem de “um grande e glorioso irmão”.

Se Hitler e os alemães tornaram-se antissemitas, é devido à culpa de terem rejeitado o pai, projetando assim nos judeus o ódio da autoridade.

Qualquer que seja o grau de pertinência destas duas teses, e sem adotar o lado sistemático e um tanto afoito que encerram, elas parecem-nos interessantes no que concerne a um ponto fundamental: o lado exacerbado do antissemitismo de Hitler, que, na atmosfera geral antissemita da Alemanha, encontrava um elemento poderoso para a questão sobre as origens.

Ora, pudemos nos aperceber, por diversas vezes, que o problema das origens (do mesmo modo que o do fim dos tempos) é uma questão obcecante com que todo homem deve confrontar-se, e que ele deve resolvê-la de uma maneira especifica, podendo levá-lo ao ódio de si próprio, favorecer os processos de cisão, assim como desenvolver o narcisismo, permitindo-lhe inventar objetos externos perseguidores, ou ser uma escora para seus desejos de onipotência.

Ora, a questão das origens do povo alemão está sempre presente no seio da nação alemã, tanto através dos mitos, quando da experiência histórica particularmente complexa deste povo.

Hitler, como os alemães, tem necessidade de um nascimento purificado; ele deve regenerar-se do velho fluxo germânico, combater o outro povo das origens, o povo judeu, presente em seu pensamento, em seu território e ainda no seu próprio corpo (quer seja realmente o “sangue judeu”, ou sob forma de “mau objeto” a ser externalizado).

Hitler, como os alemães, tem necessidade (visto que se trata da mesma questão invertida), de se propor um grande projeto, controlar o futuro, antecipar o momento onde reina a história e instala-se o reino da imobilidade temporal. 

Todo povo das origens é um povo messiânico.

Aquele que se atribui uma origem gloriosa deve pensar ter um destino análogo (o que importa então o apocalipse, visto que ele não é senão o inverso do reino dos céus na terra). O único destino verdadeiramente glorioso é o da parada do Tempo pela constituição de um império universal racional, mesmo se para isto for preciso primeiro conquistar o espaço.

O elemento mais crucial em Hitler não é o seu complexo de Édipo, verdadeiramente mal resolvido, mas o fato de, por intermédio deste (que lhe lembra de suas origens duvidosas, origens que ele divide com o povo alemão, povo da mistura) ele ser levado a questionar fortemente a questão das origens, recusando as imagens paternais e a se conceber como não gerado carnalmente. (“Quanto a mim, não tenho a menor idéia da história das famílias, dos ascendentes e dos descendentes de cada um. 

Este é um domínio que me é absolutamente estranho”).

Hitler posiciona-se como aquele que pode recriar o mundo, ser um novo pai (que não seja um pai nem funcionário, nem detestado, mas, ao contrário, bem-vindo, comportando-se como um irmão mais velho), que descende diretamente do próprio Senhor (em síntese, outro Jesus-Cristo), e se oferecer à adoração das multidões, àquela que todos devem respeitar a pátria alemã, Mãe tão gloriosa e imaculada quanto a Virgem Maria.

II. O conteúdo do discurso
A regeneração imperativa só pode ser efetuada se certas condições são cumpridas: os elementos poluentes devem ser eliminados, a juventude deve derivar-se diretamente da pessoa do Fuherer, a mensagem deve ser ouvia como uma revelação e como a colocação em prática de uma nova religião, o grande projeto anunciado deve ser capaz de assumir em si valores científicos, produtivistas e monetários.

1. O desaparecimento dos elementos poluentes.

O judeu é sujo, poluidor, é senhor da prostituição e o agente da sífilis. Trazendo consigo as doenças infecciosas, ele deve ser assimilado a um bacilo. 

Ao ter com uma mulher alemã relações sexuais, não somente ele deprava a raça alemã, caso venha a procriar, mas,  mesmo não ocorrendo nenhum nascimento, deixa no interior da mulher sua marca de tal forma , que basta uma mulher alemã ter tido relações sexuais com um judeu uma única vez, e seu sangue estará definitivamente contaminado, sendo que seus filhos , mesmos frutos da relação com um cristão, correm um enorme risco , são suscetíveis de se parecerem com o judeu.

Este delirante discurso sobre o sexo chocou todos os estudiosos. O judeu neste caso é tido como uma figura diabólica, que deixa uma marca indestrutível em tudo que toca.

Este tema é perfeitamente coerente com a vontade de regeneração do povo, assimilado a uma raça. 

Se existem dois povos puros (como pensava Chamberlain, importante ideólogo de Hitler) e se somente um deve subsistir, toda mistura é prejudicial àquele dos dois que é encarregado de uma importante missão, e o outro povo só pode ser considerado como “o povo da impureza”. 

Se, ainda, o judeu é assimilado ao pai, que espanca e contamina a mãe (segundo as conclusões dos trabalhos de Gilbert),  contra o qual a revolta é primordial aumentam as razões para se desembaraçar deste germe mortal.

De todo modo, a partir do momento em que o Estado é assimilado a uma raça que tem o mesmo sangue, a questão sexual torna-se preponderante.
A potencia sexual sempre simbolizou a potência em seu sentido estrito. 

Se o judeu exerce a potência, então ele é possuidor e senhor da potência genital. 

Além disso, é impossível uma luta com armas iguais entre a potência genital judia e a dos alemães, pois não somente os judeus possuem esta capacidade, mas seu esperma é envenenado. Vamos mais longe, tanto o seu ser espiritual como corporal destila este veneno, ele pode mesmo, por sua presença ou pelas emanações de seu corpo, prejudicar ao extremo.

O Fuhrer é o único ser certo de sua pureza (negação pura e simples dos problemas que ele se colocou). 

A raça alemã viveu uma certa degeneração. 

Ela pode erguer-se extirpando os judeus, ela o pode igualmente aceitando ser gerada novamente pelo Fuhrer (pelo seu verbo), e, sobretudo, visto que o futuro da raça está em jogo,  aceitar que seus filhos tornem-se diretamente, pelos meios de submissão e fidelidade, pela formação , pela seleção ou pela procriação efetuada pelos milhares de fiéis , o s filhos de Hitler.

Fidelidade: antes de tudo, a criança deve obediência ao Fuhrer e deve eventualmente denunciar seus pais, se suspeita neles uma traição ou uma desconfiança em relação ao Fuhrer, obediência ainda nos alistamentos todos os 19 de abril dos rapazes e moças que completaram seus dez anos no Jungvolk e Jungmadelbund.

No dia seguinte eles poderiam todos ser apresentados ao Fuhrer, que comemorava seu aniversário, e, simbolicamente, serem recriados por ele. Formação nos Napolas, monumentos militares S.S., onde uma elite de crianças rigorosamente selecionadas era criada para tornar-se a fina flor do futuro Reich.

Seleção de crianças louras, com boas proporções tipicamente arianas, tirados dos seus pais, nos territórios ocupados para tornarem-se bons alemães.

Procriação em centros onde as mulheres alemãs eram triadas, com minúcia, por sua capacidade sexual e sua virtude procriadora, mulheres encarregada de darem a luz crianças “maravilhosas”, cujos pais seriam os mais bonitos e os melhores soldados Reich.

Todo o regime ditatorial ou militar centra-se na juventude, esta não é só um objeto facilmente manipulável e uma obsessão publicitária, mas um valor e um fim em si próprio.

É a promessa de um futuro florescente.

A juventude é menos contaminada pelos judeus, pois não teve tempo de conhecê-los, de ler seus livros. 

Deste modo ela é praticamente pura, quase tabula rasa, e, ao ser colocado nas mãos dos Fuhrer, poderá tornar-se um instrumento de dominação do mundo, pois os pais destes jovens não poderão jamais sê-lo completamente, por serem frágeis, ainda não totalmente salvos, e ainda muito funcionário. 

Esta centralização sobre a juventude assinala o caráter eminentemente infantil de todo regime deste estilo, que multiplica o prazer nas manifestações rituais (grandes festas, marchas militares, passeios marcados por cantorias gloriosas) onde toda dúvida e diversidade são anuladas.

E. Fromm vincula também o nazismo ao caráter autoritário.
Este caráter resultaria da presença simultânea de tendências sádicas e de tendências masoquistas. 

O caráter autoritário admira a potencia e está pronto a submeter-se a ela.

Quando rebelar–se, o faz contra a autoridade fraca, mas não contra a autoridade poderosa (o destino, a natureza, o líder).

O “caráter autoritário” é na realidade um dependente, tem necessidade de um suporte mágico, de um poder externo a si próprio. 

Ao possuí-lo ele sente necessidade de comandar e de dominar, pois à sua estrutura masoquista, se junta a sua estrutura sádica. 
Compreende-se o caráter autoritário em termos de submissão e de dominação. 

Hitler tinha este caráter e a ideologia que preconizava era um reflexo do mesmo.

Os homens com a mesma estrutura caracterológica, encontravam, no interior da doutrina nazista elementos para se satisfazerem: eles submetiam-se ao Fuhrer, mas podiam liberar suas pulsões sádicas sobre as minorias raciais e, mais tarde sobre outros povos. O encontro de Hitler com os outros indivíduos de mesma estrutura caracterológica explicaria, então o nazismo.

Bibliografia
Eugène Enriquez
DA HORDA AO ESTADO
Psicanálise do Vínculo Social
Jorge Zahar Editor.





















Fecundação Os primeiros registro da matriz de todos os sentimentos de rejeição ou amor é vivido pelo ser humano, tem sua primeira experiência na FECUNDAÇÃO Por isso é necessário que a gestação seja regada de sentimentos de amor e acolhimento. Esse registro será determinante para que a pessoa apresente em sua vida características e comportamentos para toda sua vida.

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