Sofrimentos humanos, vínculos e saúde mental

Sofrimentos humanos, vínculos e saúde mental


28 de Dezembro de 2022

A tradicional tendência de interpretar e tratar os sofrimentos humanos a partir de um ângulo essencialmente médico tem criado resistências cada vez maiores, especialmente como resultado do amplo reconhecimento acerca da complexidade dos fatos físicos, psíquicos e socioculturais.

Pesquisas científicas enfatizam a necessária integração multidisciplinar e, em relação às diferentes manifestações da dor psíquica, têm sido cada vez mais valorizados estudos referentes ao apego, aos vínculos, aos processos receptivos, à memória, à aprendizagem, a crenças e valores e a diferentes padrões de comportamento por meio dos quais, bem ou mal, tenta-se uma solução para os conflitos.


DIAGNÓSTICOS


Os diagnósticos de saúde mental não fogem disso e não se tornaram nem obsoletos e nem desnecessários — muito pelo contrário.

Observa-se, entre leigos e entre inúmeros profissionais, um forte receio em relação às classificações de doenças mentais, como a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID) e o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM).

O principal risco alegado é o de que rótulos sejam firmados em relação a pessoas que sofrem, fazendo com que, a partir daí, sejam superprotegidas ou, principalmente, discriminadas.

Esse risco, de fato, existe quando forem feitos maus usos dos referidos diagnósticos. No intuito de que isso seja evitado, os profissionais têm que estar muito bem preparados para avaliarem e dialogarem com os pacientes e seus familiares.


DINÂMICA FAMILIAR


A compreensão da dinâmica familiar é essencial sob todos os aspectos, inclusive porque algumas famílias necessitam de “bodes expiatórios” para projetar seus males e porque muitos fenômenos que expressam sofrimento e causam mais sofrimento, eventualmente com base genética, são frutos também de interações familiares por vezes inter ou transgeracionais.

O DSM-5, por exemplo, acentua a relação entre transtornos mentais e questões culturais. Conforme o manual, as distintas culturas apresentam diferenças em relação aos conceitos de saúde e patologia e, da mesma forma, em relação aos limites de tolerância para sintomas e comportamentos.

As normas culturais internalizadas pelo indivíduo e pela família podem conduzir a concepções errôneas referentes à patologia, podendo contribuir para a construção de estigmas, a vulnerabilidade e o sofrimento de seus membros, mas também, pelo contrário, para o estabelecimento de estratégias de enfrentamento, aumento da resiliência e para o acesso a opções terapêuticas.
Acredita-se que existem períodos críticos para o estabelecimento do apego e da autoconfiança, mas as evidências apontam que a criança é vulnerável a vínculos frágeis, a rupturas, e à falta de um ambiente que lhe proporcione afeto, segurança e modelos parentais estáveis, num período mais longo, que pode se estender, no mínimo, até a adolescência. 

Fatores que extrapolam o âmbito do vínculo propriamente dito, como ambientes de discórdia, agressividade, falta de estímulos sensoriais e cognitivos, desnutrição e a própria genética, podem ter um peso muito grande na vulnerabilidade dos indivíduos para situações de abandono ou separação, para citar alguns, e para problemas e transtornos de várias ordens na idade adulta.


Fecundação Os primeiros registro da matriz de todos os sentimentos de rejeição ou amor é vivido pelo ser humano, tem sua primeira experiência na FECUNDAÇÃO Por isso é necessário que a gestação seja regada de sentimentos de amor e acolhimento. Esse registro será determinante para que a pessoa apresente em sua vida características e comportamentos para toda sua vida.

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